Somente comércios essenciais poderão funcionar nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e nos dias 1, 2 e 3 de janeiro para tentar conter o avanço de casos. Bares e restaurantes, por exemplo, não poderão abrir as portas
*Com informações do Estadão Conteúdo
Com a avanço do novo coronavírus, a gestão João Doria (PSDB) anuncia novas medidas nesta terça-feira (22/12) para o Estado de São Paulo.
Todo o Estado voltará à fase vermelha do Plano São Paulo nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e nos dias 1, 2 e 3 de janeiro para tentar conter o avanço de casos.
Com a medida, somente comércios essenciais (como padarias, mercados e farmácias) poderão funcionar nesses dias entre o Natal e o réveillon. Bares e restaurantes, por exemplo, não poderão abrir as portas.
Durante o mês de janeiro haverá uma "trava" que impedirá que as regiões passem para a fase verde, que é mais branda nas medidas de isolamento. Além disso, o governo estadual destaca que os prefeitos poderão ser mais restritivos, com base na situação local e seguindo decisões do Supremo Tribunal Federal.
A decisão demonstra a preocupação da área da Saúde com o avanço de registros. Entre março e junho, as restrições estaduais só aumentaram, até que houve o início de uma flexibilização.
Em 21 de agosto, o Estado comemorou o fato de não ter nenhuma área no vermelho nos 645 municípios paulistas. Mas a partir de setembro houve nova mudança no quadro.
O Estado de São Paulo registrou até ontem mais de 45 mil óbitos e 1.388.043 casos do novo coronavírus - com 1.222.776 pessoas recuperadas. Oficialmente, as taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 66,9% na Grande São Paulo e de 61,8% no Estado.
O número de pacientes internados é de 10.856, sendo 6.146 em enfermaria e 4.710 em unidades de terapia intensiva. Já no País, foram relatadas mais 549 mortes, chegando ao total de 187.322 óbitos na pandemia, conforme dados do consórcio da imprensa. A média móvel de mortes é de 769, igualando 18 de setembro.
AGLOMERAÇÃO ÀS VÉSPERAS DO NATAL
Mesmo com avanço de novos casos de covid-19, áreas de comércio popular em São Paulo registram aglomerações às vésperas do Natal. Por ruas e calçadas, pessoas circulam sem máscara e desrespeitam medidas de distanciamento.
Apesar da alta circulação nas vias, lojistas da 25 de Março e do Brás (na área central) afirmam que as vendas ainda estão abaixo da expectativa e cobram fiscalização contra ambulantes.
Com a cidade em fase amarela no plano de combate ao coronavírus, a gestão Bruno Covas (PSDB) diz autuar locais que excedem o horário permitido ou descumprem medidas de segurança.
Segundo a Prefeitura, só no último fim de semana, sete estabelecimentos foram interditados na cidade: dois deles na Sé, no centro, quatro em Pinheiros, na zona oeste, e o último em Santo Amaro, na zona sul. Na região da 25 de Março, no entanto, parece que não existe mais pandemia.
Desde a Ladeira Porto Geral, centenas de pessoas tomavam a via e passeios nesta segunda-feira, 21 de dezembro, carregando sacolas plásticas ou caixas de papelão com lembrancinhas para a família. Sem guardar a devida distância, vários andam com máscara no queixo. Quando não, no bolso.
Os ambulantes são muitos e colocam seus produtos sobre o asfalto, às vistas de clientes e da Polícia Militar que também circula pelo local. Para gritar melhor, e assim tentar atrair mais compradores, alguns preferem abrir mão das recomendações médicas e manter boca e nariz descobertos.
Quando os vendedores informais tentam armar uma banqueta, os PMs interferem. À tarde, a reportagem flagrou abordagem que impediu um grupo de improvisar uma mesa expositora com papelão. Há mais gente nas ruas do que nas lojas. Diante do cenário, comerciantes regulares culpam os informais por aglomerações e descuidos sanitários.
"Só tem camelô nesta porcaria, são os únicos que ganham dinheiro", reclama um lojista. Gerente da loja Puppets, Valter Vidal afirma ter se preparado para atender até 500 pessoas por dia, mesmo com a alta transmissão do vírus na cidade. "Seguimos todos os protocolos, com álcool em gel e aferição de temperatura na porta", diz.
As vendas no comércio, contudo, ficaram aquém do esperado. "A gente até conta o número de pessoas no dedo antes de deixar entrar, mas a verdade é que, com esse movimento, nem precisava", afirma Vidal. "Fazemos uns 200 atendimentos por dia, mais ou menos."
Há bloqueio para veículos entre a Rua Carlos de Souza Nazaré e a Ladeira Porto Geral, e o trânsito é monitorado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Também foram feitas restrições de acessos em transversais (ruas Afonso Kherlakian, Lucrécia Leme e Ladeira da Constituição), além da Porto Geral com a Rua Boa Vista.
ESPREMIDOS
Conhecida pelo comércio popular, a região do Brás também têm convivido com cenas de aglomeração nos dias que antecedem as festividades de fim de ano. Nesta tarde da última segunda-feira, a sensação era de que havia ainda mais gente do que na 25 de Março.
Conselheiro executivo da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás), Lauro Pimenta diz que a grande quantidade de pessoas nas ruas não tem refletido na venda dos comércios. "Com o empobrecimento das pessoas, este Natal virou de presentinho, de lembrancinha, e não de grandes compras para a família toda", afirma. "Certamente, o faturamento vai ficar abaixo do ano passado. A gente estima uma perda de 10 a 15%."
Na visão de Pimenta, a maioria das lojas tem seguido os protocolos, mas o mesmo não acontece da porta para fora. "Muitos lojistas só permitem entrar de máscara, distribuem álcool gel, põem fita na porta para evitar aglomeração", diz. "Na rua é que não dá para transitar direito. Há excesso de ambulantes, embora a gente saiba que muitos migraram para informalidade por causa da crise. O que a gente não entende é por que a Prefeitura não cria uma alternativa: dá diretriz a esses comerciantes e garante acessibilidade das pessoas."
Em nota, a gestão Covas afirma que, de janeiro a novembro, foram realizadas mais de 138 mil apreensões nas Subprefeituras Sé e Mooca, responsáveis pela 25 de Março e Brás, respectivamente.
"Desde o início da quarentena, 1.311 estabelecimentos foram interditados por descumprirem as regras vigentes, destes, 885 são bares, restaurantes, lanchonetes e cafeterias."
Também diz que, desde o dia 1º de julho, equipes de vigilância em saúde orientam moradores e comércios sobre o correto uso de máscaras e medidas preventivas contra a doença. Segundo a administração municipal, a ação foi feita com mais de 13,8 mil cidadãos e 7,4 mil estabelecimentos em "grandes centros comerciais".
"A Prefeitura tem optado por ações educativas (...), não fazendo desta uma ação punitiva, com multas. Os protocolos de reabertura gradual da economia foram firmados em comum acordo com entidades representativas dos setores, que se comprometeram a cumprir as regras e auxiliar na fiscalização por meio de autotutela", diz a nota. "A Prefeitura de São Paulo reforça que a cidade continua em quarentena e todos os protocolos de biossegurança precisam ser respeitados para garantir a saúde e proteção da população."
FOTO: Wladimir Miranda