Segundo levantamento inédito da FecomercioSP, dos R$190 bilhões liberados pelo benefício assistencial em todo o País, R$ 151 bilhões tiveram como destino o consumo varejista
A retomada tem ocorrido em diferentes níveis, seguindo protocolos estabelecidos por cada Estado brasileiro – de acordo com a disseminação da doença nas regiões. Contudo, a recuperação econômica tende a ser lenta, em decorrência da alta do desemprego e do fim da disponibilização do auxílio emergencial, prevista para o mês de setembro.
Para compreender melhor o cenário atual e o que esperar dos próximos meses, a Federação produziu uma estimativa inédita levando em conta os recursos que foram disponibilizados pelo governo federal, por meio do auxílio emergencial, e a plenitude da retomada de operações até o mês de agosto.
De acordo com a Entidade, a liberação desse benefício assistencial contribuiu para que não houvesse deterioração mais contundente da economia, não apenas sobre o comércio varejista, mas também sobre todos os elos que compõem a cadeia produtiva nacional, o que reflete sobre a renda e o desemprego no País.
Os recursos do auxílio emergencial devem ultrapassar os R$ 190 bilhões, alcançando mais de 63 milhões de pessoas. Esse montante corresponde a mais de seis anos do valor anual distribuído pelo Bolsa Família, o que torna o programa um instrumento de grande impacto sobre consumo.
Conforme levantamento da FecomercioSP, R$ 151 bilhões tiveram como destino o consumo varejista. Assim, as estimativas de perdas para o fechamento de 2020, projetadas no início da quarentena, foram reduzidas de -13,8%, para -6,7%.
São Paulo
No Estado de São Paulo, o recuo deve ser de 5,47% no ano. Caso não houvesse o direcionamento para o consumo de R$ 18,58 bilhões do auxílio emergencial, poderia atingir -8%, com perda de receita de R$ 60 bilhões para o comércio em 2020.
Principais números | Brasil
Mesmo atenuado, o prejuízo deve chegar a R$ 141 bilhões em relação ao faturamento de 2019, no varejo nacional. Desse montante, mais de R$ 102 bilhões foram registrados no auge do cenário de restrições das operações varejistas, correspondente ao período entre março e agosto de 2020.
Das noves atividades pesquisadas do varejo, sete tendem a finalizar o ano com baixa nas vendas, com destaque para lojas de vestuário, tecidos e calçados (-25,2%) e materiais de construção (-17,6%).
Por outro lado, os segmentos de supermercados (5,4%) e farmácias e perfumarias (2,8%) devem a fechar com faturamento maior do que o de 2019, uma vez que a população está focada apenas nas compras de itens essenciais.
Principais números | São Paulo
As perdas do comércio varejista paulista podem atingir R$ 41 bilhões no fechamento de 2020 – queda de 5,4% na comparação com 2019.
Das noves atividades pesquisadas do varejo, sete tendem a encerrar o ano com baixa nas vendas, com destaque para concessionárias de veículos (-21,6%) e lojas de vestuário, tecidos e calçados (-19,5%).
Em contrapartida, os segmentos de farmácias e perfumarias (3,9%) e de supermercados (3,14%) devem terminar 2020 com faturamento maior do que o de 2019.
Perspectivas
A retomada da economia deve ocorrer de forma lenta e gradual, muito embora tenha sido observada uma corrida ao comércio popular no início da reabertura por uma demanda que estava reprimida. Contudo, o que se tem notado é que a população ainda está receosa para sair de casa – enquanto não houver uma vacina – e, acima de tudo, preocupada com o seu orçamento doméstico, além da manutenção do emprego.
Ainda segundo estimativas da Federação, diante desse cenário, 202 mil empresas devem encerrar definitivamente as atividades em 2020 no Brasil, das quais 197 mil são de pequeno porte, que empregam até 19 funcionários. Por consequência, estão previstos 980 mil desligamentos no segmento do comércio varejista brasileiro neste ano, dos quais 590 mil devem ocorrer nos pequenos negócios.