É neste período que, tradicionalmente, a indústria e o comércio intensificam as negociações para atender as demandas do final do ano.
Considerando alguns dos principais indicadores da economia, o final de 2022 pode ser até melhor do que o de 2019, de acordo com lojistas ouvidos pelo Diário do Comércio.
O número de desempregados, que chegou ao redor de 14 milhões de pessoas, caiu para cerca de 10 milhões de brasileiros no segundo trimestre deste ano, de acordo com o IBGE.
A inflação (IPCA), que teve impacto negativo em todos os setores da economia no último ano, atingindo 10% em 2021, deve ficar ao redor de 7% em 2022, de acordo com economistas.
As expectativas para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro estão subindo. O Boletim Focus, do Banco Central (BC), estima agora alta de 2,26% para 2022.
Ainda assim, para Nelson Barrizzelli, economista e consultor, não é hora de os comerciantes se entusiasmarem com as compras em um semestre com Copa do Mundo, Black Friday e Natal.
Veja as considerações e os alertas de Barrizzelli.
DESEMPREGO
As condições macroeconômicas do país estão melhores do que no auge da pandemia, mas o país ainda reúne cerca de 10 milhões de desempregados.
“É preciso colocar toda essa gente para trabalhar e elevar o rendimento médio para o país voltar a crescer de forma sustentável”, diz.
Os produtos que deverão ser mais demandados são os básicos, muito em razão dos recursos que o governo está dando para os mais carentes.
Boa parte das famílias brasileiras está endividada, o que impede gastos com produtos de maior valor agregado, como os eletroeletrônicos.
DESPESAS FIXAS E VARIÁVEIS
O ideal é que todas as despesas dos lojistas sejam variáveis, não fixas, o que não é tão fácil numa economia como a brasileira.
Uma parte dos salários dos empregados pode ser fixa e outra, variável, por exemplo, dependendo da performance do vendedor e da empresa.
Os comerciantes, dentro do possível, devem pensar em pagar o aluguel da loja com base no faturamento do mês, como já ocorre na relação com shopping centers.
“É melhor para o dono do imóvel receber um aluguel variável do que ficar com o espaço fechado e não receber nada. É uma questão de negociação”, diz.
As grandes organizações, com lojas em muitos shoppings, acabam chegando a um acordo com as grandes administradoras de shoppings.
Os lojistas independentes têm menos poder de negociação e, por isso, precisam prestar mais atenção na hora de fechar contratos com os fornecedores e contratar os trabalhadores.
Se um lojista menor precisa de pessoal para as áreas de contabilidade e administrativa, pode pensar em uma combinação de salários fixos e variáveis, em função de resultados.
FINAL DE ANO
Ainda não é hora de grandes entusiasmos nas compras devido à instabilidade econômica e política.
“É melhor perder um pouco de venda do que ficar com muita mercadoria encalhada. Compra tem de estar casada com prazo de pagamento.”
Alguns setores podem comprar mercadorias de acordo com a rotatividade. Se vender, repõe o estoque, que deve ser mais enxuto.
“As indústrias preferem que os comerciantes comprem e paguem antecipadamente. O melhor para os lojistas é pagar somente depois das vendas de final de ano.”
PRODUTOS BARATOS
Produtos de baixo valor deverão ser os mais procurados neste final de ano, como roupas, artigos esportivos, estes em razão da Copa do Mundo.
O desemprego diminuiu, mas a inflação alta corrói parte da renda do trabalhador.
O varejo de eletroeletrônicos deve voltar a crescer de forma mais intensa somente com o aumento da renda do trabalhador e a queda da taxa de juros.
E-COMMERCE
O comércio eletrônico é importante para qualquer tamanho de loja, mas essa modalidade de venda precisa estar bem estruturada para não frustrar o cliente.
Se o produto chega com atraso, errado, e há dificuldade para devolução, o lojista e a marca podem se queimar.
“É preciso se preparar para o e-commerce. Se a loja informa que entrega em dois, três dias, tem de entregar neste prazo. Caso contrário, é melhor nem vender pela internet.”
IMAGEM: Paulo Pampolin/DC