Empresas, consumidores e a indústria do entretenimento olham para esse conceito como sucessor da internet móvel. Lojas, escritórios e outros ambientes perderão suas limitações espaciais
Imagine passear e interagir com amigos. Sentar-se ao redor de uma mesa de reunião. Tomar café em sua cafeteira preferida. Coisas que parecem tão triviais, porém, feitas num espaço diferente e por meio de avatares digitais.
Parece loucura, mas não é. A integração de tantas tecnologias, como 5G e realidade aumentada, e a usabilidade disso tudo em nosso dia a dia converge cada vez mais para a expansão da tela para o mundo físico. E assim, se materializa a criação de um novo universo - o metaverso.
Cada vez mais em pauta, o conceito expande nossas possibilidades com novas dimensões de tempo e espaço. Por isso, a interação de espaços virtuais com espaços físicos é uma realidade em ascensão - e um ponto de discussão recorrente entre startups e gigantes da tecnologia.
Embora ainda pareça um tanto vago, algumas peças do metaverso já existem. Jogos de realidade aumentada, como o Pokemon Go e o Fortnite, um jogo on-line no qual os usuários podem socializar e construir mundos virtuais com milhões de outros jogadores, podem dar ao mundo uma noção inicial do metaverso.
Acompanhar a movimentação de marcas que tentam lidar com essa nova realidade pode ser uma forma de entender como esse novo universo pode de fato somar nas experiências do mundo físico e vice-versa.
Um exemplo bem simplificado para começar a entender essa perspectiva é a utilização de filtros no Instagram. Por lá, pessoas podem parecer extraterrestres, supermaquiadas, animais ou até personagens - é como se cada um brincasse de criar a forma como quer apresentar a sua figura digital.
Fáceis de usar, esses filtros viralizam e levam milhares de pessoas a brincar com eles para também fazer parte daquele movimento.
Um comportamento que nos leva a crer que de fato, daqui para a frente, as linhas entre digital e real ficarão ainda mais difíceis de serem delineadas.
O Projeto Aria, do Facebook, por exemplo, se dedica a encontrar formas para que as tecnologias de realidade aumentada e realidade virtual possam ser comercializadas em grande escala. Outras gigantes de tecnologia, como Google, Amazon e Apple, também já anunciaram que estão trabalhando em produtos nesse sentido.
Levando essa tendência para a prática, temos a L'Oréal, que lançou a sua primeira coleção 100% virtual há menos de um ano. Chamada Signature Faces. A novidade permite que as clientes utilizem sombras e batons da linha nas redes sociais e também em plataformas de videoconferência, como o Zoom e o Google Chat.
O Google também avançou nessa frente. Uma nova funcionalidade na sua ferramenta de busca libera ao usuário testes ao vivo ao abrir a câmera frontal do celular quando o usuário digita o nome de algum produto cadastrado no sistema. Marcas como Estée Lauder, MAC e Charlotte Tilbury são algumas das adeptas.
Na China, por exemplo, a Tmall Luxury Pavilion, do Alibaba, reúne 200 marcas de luxo que já realizam vendas por meio de recursos de games, personalização, live streaming, realidade aumentada, revistas digitais e outros formatos interativos.
No Brasil, o formato que mais tem sido explorado pelas empresas é o live streaming - tema forte em conferências importantes sobre varejo, como a NRF. Muitas marcas já impulsionam seus resultados comerciais aderindo a lives.
Considerado um canal com altas taxas de conversão, vale lembrar que é preciso investir. A escolha de um influenciador ou apresentador que conduzirá essa jornada é bem relevante para que o conteúdo e roteiro da transmissão criem um perfeito storytelling, que será reforçado pelo cenário, luz, estrutura, edições e links personalizados.
O importante é reproduzir algo mais próximo possível da realidade - ou seja, com a propriedade de um vendedor que domine o produto em uma conversa que flui de forma natural, próxima e real - sem roteirização.
Embora esse metaverso ainda não esteja pronto, a construção se dá dia a dia e a expectativa é que cada vez mais diversas iniciativas nas áreas de games, consumo, entretenimento e outras se agreguem em um grande ecossistema global, formando, assim, o metaverso ou diversos metaversos.
Antecipar ações e planejar como a marca estará nesse futuro é importante, especialmente, após o período pandêmico ter mostrado que muitas marcas ainda não estavam preparadas para ações digitais, como delivery e e-commerce. Em teoria, a lógica do metaverso é a mesma.
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